quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

COBERTURA ESPIRITUAL















Quando Abrão descia de Harã em direção ao sul de Canaã, levou consigo seus familiares, bens e uma promessa da parte de Deus: vou fazê-lo prosperar com o fim de torná-lo uma benção. Deus o escolheu como cabeça, não apenas de um povo, mas de muitas nações, e a primeira pessoa a entender isso na prática seria Ló, seu sobrinho, que seguiu sob sua autoridade.

Enquanto esteve com Abrão, Ló viu que a trajetória de descida para Canaã só levava o patriarca para mais alto, acrescentando-lhe dia-a-dia riquezas, permanecendo este debaixo da autoridade divina. Um dia, Ló se encontrava cansado da parceria com seu tio. Abrão viu o descontentamento do seu protegido e resolveu liberá-lo para ir embora se assim desejasse.

Ló escolheu rumar para o Leste e fixar morada na planície de Sodoma. Chega de ficar acampando nas encostas, ao lado de cidades pagãs. Porque não entrar e nelas habitar? Porque não pensar como um empreendedor de coragem? Isso aconteceu "antes de Deus haver destruido Sodoma e gomorra" (Gn 13.10).

Assim que Ló se retirou, Deus ordenou que Abrão, dali mesmo onde estava, olhasse para o norte e para o sul, para o leste e para o oeste. Agora vá Abraão. O quanto você possa percorrer, te darei. O homem, sob a cobertura divina, percorreu toda a terra e a tomou como herança pela fé.

Ló foi para a sodoma, afligiu sua alma diante do pecado de seus moradores, tornou-se prisioneiro, perdeu seus bens, a esposa e, morando em uma buraco, foi terrivelmente envergonhado por suas filhas. Delas surgiram duas das nações que mais afligiram Israel, Amom e Moabe (19.30-38).

Abrão permaneceu sob a cobertura do Senhor, contando com Sua amizade, tornando-se uma poderosa nação, benção para toda a terra. Foi sobre ele que Deus afirmou “Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do SENHOR e pratiquem a justiça e o juízo; para que o SENHOR faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito (Gn 18.19).

Ló era um justo (2 Pedro 2:7) que fez uma escolha errada. Abrão era um justo que fez a escolha certa.

Há princípios que podem influenciar poderosamente o futuro de indivíduos e até nações. No caso que examinamos, dois homens justos tiveram seus caminhos afetados por suas escolhas com relação à cobertura espiritual. Abrão perseverou na dependencia das instruções divinas, enquanto Ló trocou a hospitalidade de seu abençoado tio pelas possibilidades de uma cidade cujo rei nem a si mesmo podia se defender.

E você, sob que cobertura tem permanecido até aqui?

Quer um conselho? Cultive o prazer de repousar à sombra do Carvalho de Moré em Siquem, acampe na encosta de Betel e - aonde quer que esta aventura o leve - permaneça no centro da vontade de Deus, sob a cobertura de alguém que Deus escolheu para lhe proteger.

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

AS SANDÁLIAS DA REJEIÇÃO


Naquele cesto improvisado de junco deslizava pelo Nilo o futuro de Israel. O bebê tinha pulmõesinhos fortes, a julgar pelo choro que não queria parar. Talvez nem fosse isso. É possível que um certo sentimento de rejeição fosse o ímpeto que lhe inspirava aquele insistente lamento.

Moisés foi colhido do rio, mas não eram os braços de sua mãe que o aqueciam agora. Foi levado para o meio de um povo. Mas era outro povo, não o seu. Aquela, definitivamente, não parecia em nada com a sua casa. Era um hebreu numa casa de egípcios.

À medida que o jovenzinho se formava, seu coração buscava em vão sentido para toda aquela inconsistência. Seu intelecto absorvia uma cultura que a sua língua com hesitação conseguia expressar. Um menino gago e tímido crescia vendo seu povo sob o chicote dos egípcios. E, afinal de contas, a qual povo Moisés pertencia? E como aceitar-se a si mesmo se nem conseguia definir com certeza quem era? Um príncipe-escravo, servo de pais egípcios ou um filho da sua própria serva. Era muita confusão pra a sua cabeça.

Um dia viu um soldado oprimindo um hebreu. Seu coração teve um vislumbre daquilo que poderia devolver-lhe a vida que deixara quando bebê naquele cesto de Junco. Ei! O que estou fazendo. Eu pertenço a essa nação. Eu sou hebreu, não egípcio! E, antes que pensasse, sua adaga rapidamente definiu a trajetória do confronto. Moisés matou o egípcio deixando nascer em si o libertador de toda uma nação.

Mas não é todo dia que um libertador fica impune. Não precisou muito tempo para descobrir que, em vez de pertencer aos dois povos, agora já não pertencia a mais nenhum. A ninguém mais  senão à rejeição do deserto. Mas ele já conhecia aquele caminho muito bem. Providenciou então uma vara, calçou as sandálias e foi.

Deus então o encontrou.

O primeiro sinal de Deus no deserto não foi a sarça a arder. Foi Zípora. Por ela Deus dizia: Moisés eu quero que você saiba que uma pessoa muito especial o ama.

O segundo sinal foi Jetro. Posso imaginar o sogro de Moisés com um olhar profundo e intimidador: estou lhe confiando um grande tesouro. Sei que você é capaz de zelar por ele.

O terceiro sinal de Deus foi a sarça. Este queimou o coração de Moisés, embora não tenha consumido a rejeição que lhe doía o peito. A voz veio de dentro da sarça: Moisés, você é necessário. Sua vida tem um sentido. Pessoas precisam de você. Tudo o que precisa agora é se livrar dessas sandálias pois você está entrando num terreno de cura e libertação. Deixe o pó da estrada para trás.

A conversa deve ter sido longa. Moisés passou um tempo explicando a Deus porque não se sentia adequado para aquela missão. Definitivamente, aquele não era o homem certo. Mas, como sempre, seus argumentos se mostraram insuficientes. Ele teve que ceder.

Quando o fogo do encontro apagou, Moisés pegou a vara, calçou as sandálias e foi.

Continua...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

ÁGUAS MAIS PROFUNDAS



O Espírito Santo tem nos chamado a um envolvimento maior, uma espiritualidade renovada, um total abandono de nossas vidas ao seu derramar.


Este blog é fruto de oração, estudo e discernimento da vontade do Senhor. Não desejo ficar à margem, observando como é belo o correr do rio. Eu já entrei nele. Agora ele faz parte de mim. Meu anseio é nele desaparecer e só restar o fluir conturbado e sereno dos incessantes turbilhões do seu amor.


Sei o que vem por aí, e é algo grande demais para se entender ou descrever. Muros vão cair, placas serão levadas pela enchurrada, bandeiras vão ser dilaceradas pelo vento.


Sim, o vento! Junto com as águas virá um impetuoso vendaval. Muito mais intenso que a simples brisa que sopra no rosto de quem escolher `permanecer à margem do rio.


Que você está fazendo aí? Entre nesse rio comigo. Vem!